Um pequeno extrato do Artigo ...

Um Estudo das Epístolas de João

M. E.

1. Objetivo 

O presente trabalho visa apresentar um resumo de estudo realizado sobre as Epístolas de João, com o fim de auxiliar outros que possuam o desejo de conhecer algo sobre estes importantes livros do Novo Testamento.  

2. A autoria das epístolas 

Era costume na antigüidade o correspondente iniciar sua carta anunciando sua identidade. Isto ocorre em todas as epístolas do Novo Testamento, com exceção da Epístola aos Hebreus e da Primeira Epístola de João. Embora na Segunda e Terceira Epístolas o autor se apresente como “o presbítero”, ainda assim não informa seu nome. 

Apesar do anonimato das assim chamadas Três Epístolas de João, evidências externas a estas cartas favorecem a atribuição de sua autoria ao apóstolo João, particularmente no caso da Primeira Epístola.  

2.1. Evidências externas 

- As três epístolas se encontram nos manuscritos gregos mais antigos e nas mais antigas versões, a Siríaca (publicada cedo no quinto século) e a Latina, com exceção da Segunda e Terceira Epístolas que não estão na Velha Siríaca. Não foi até a versão filoxeniana de 508 AD que estas duas epístolas foram incluídas no Novo Testamento Siríaco. 

- Todas as três epístolas estão incluídas na lista de Atanásio dos vinte e sete livros do Novo Testamento, emitida pelos Concílios de Hippo (393 AD) e Cartago (397 AD). 

- Inácio, bispo de Antioquia (martirizado cerca de 110 AD) traz possíveis alusões à Primeira Epístola. 

- Clemente de Roma, o Didaquê e a Epístola a Diogneto apresentam expressões da linguagem joanina, possíveis alusões às epístolas, contudo sem qualquer citação formal ou exata. 

- Policarpo de Esmirna em sua carta aos filipenses (cerca de 115-125 AD) cita I Jo 4:2,3 e 2:24, porém sem atribuí-los a João. 

- Papias de Hierápolis “utilizou testemunhos extraídos da mais antiga epístola de João”, cerca de 150 AD (História Eclesiástica, Eusébio de Cesaréia, iii. 39.17). 

- Irineu de Lião (cerca de 130-200 AD) em sua obra Adversus Hæreses (iii. 16.18) faz citação de passagens de I e II Jo, atribuindo-as a João, o “discípulo do Senhor” e autor do quarto evangelho. 

- Clemente de Alexandria, contemporâneo de Irineu, emprega a expressão “a epístola maior” (o que implica em pelo menos uma menor), que atribui ao “apóstolo João”. Cita versos de I Jo em duas de suas obras. Segundo Eusébio, menciona “a segunda epístola de João”. 

- Tertuliano de Cartago (morto cerca de 220 AD) citou I Jo perto de cinqüenta vezes. 

- Orígenes de Alexandria (morto cerca de 255 AD) também se apoiou muito na Primeira Epístola, atribuindo-a a João. Segundo Eusébio, ele sabia que II e III Jo não eram conhecidas universalmente como “genuínas”. 

- O Cânon de Muratori, provavelmente compilado entre 170 e 215 AD, descreve como João viera a escrever seu evangelho, mencionando também “suas epístolas”, e noutro lugar, “duas” epístolas. 

- Cipriano, bispo de Cartago, em meados do século terceiro, cita versos de I Jo. 

- Eusébio de Cesaréia (cerca de 325 AD) coloca a Primeira Epístola entre os “livros aceitos”, e a Segunda e Terceira entre os “livros contestados” (História Eclesiástica iii. 25.2,3). Acrescenta que a incerteza quanto às duas últimas é se pertencem ao evangelista ou a outro de mesmo nome. Afirma que ele próprio tem convicção de que foram escritas pelo apóstolo João. 

- Jerônimo (morto em 420 AD) disse que as duas epístolas mais curtas eram atribuídas a João, o presbítero. 

- Na Idade Média II e III Jo parecem ter sido aceitas como obras de João, o apóstolo. 

- Erasmo retornou à teoria mencionada por Jerônimo. 

 

2.2. Autoria comum do Evangelho e da Primeira Epístola 

Se for possível mostrar que alguma ou todas as epístolas foram escritas pelo autor do Quarto Evangelho, então os argumentos em prol da autoria do Evangelho serão igualmente aplicáveis às Epístolas. As semelhanças de matéria e assunto, estilo e vocabulário no Evangelho e na Primeira Epístola fornecem evidências muito fortes em favor da identidade de autoria, não enfraquecidas substancialmente pelas peculiaridades de cada um, nem pelas diferenças de ênfase no trato de temas comuns. Estas se explicam pelo propósito subjacente a cada escrito e pelo lapso de tempo que por isso mesmo se pode admitir entre eles. 

2.3. Relação entre a Segunda e Terceira Epístolas e destas com a Primeira 

O autor de II e III Jo é o mesmo:

- mesma situação subjacente de missionários itinerantes;

- mesma extensão, padrão, estilo, linguagem e conclusão. 

O autor de II e III Jo é o mesmo de I Jo:

- semelhanças notáveis;

- diferenças triviais.

 

2.4. O autor como testemunha ocular 

I Jo 1:1-3; 4:14 Nós: a interpretação tradicional é que refere-se aos apóstolos. Outra possibilidade é que seja editorial ou epistolar. 

Há alguns que contestam dizendo que o nós se refere à comunidade cristã, à igreja.

 

2.5. A autoridade consciente do autor 

Não há nada tentativo nem apologético acerca do que ele escreve. Suas afirmações e ordens demonstram autoridade dogmática. Escreve mandamentos de Deus (I Jo 3:23,24), de Cristo (II Jo 5) e dele mesmo (II Jo 10,11), porém não distingue entre eles, esperando que todos sejam obedecidos. 

2.6. O título de “presbítero” (II Jo 1 e III Jo 1) 

Segundo Eusébio (História Eclesiástica iii. 23.6), João, o apóstolo, dirigiu igrejas na Ásia. Sendo o último apóstolo sobrevivente, um patriarca na idade e bem conhecido nestas igrejas, pôde utilizar-se do título de presbítero com propriedade. 

Está se tornando comum a argumentação da existência de mais de um João, porém não há prova independente da existência de um segundo João, o presbítero, contraposto a João, o apóstolo.

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